sábado, 12 de novembro de 2011

Análise dos fatos políticos da semana

Em (11/11) de 1955, o general Henrique Lott, ministro da Guerra demissionário, deu um “contragolpe” e afastou do poder o presidente interino Carlos Luz, além de impedir o retorno do presidente licenciado Café Filho; alegadamente para garantir a posse, logo depois, do presidente eleito JK.


1. DIAS TURBULENTOS
OS FATOS
O ministro brasileiro da Fazenda, Guido Mantega, voltou a externar preocupação com o cenário global, após a derrocada da Itália, cujos títulos públicos só puderam ser colocados no mercado a juros elevados – mesmo depois do anúncio de saída do atual primeiro-ministro Silvio Berlusconi. Na esteira dessas preocupações, também na quinta-feira as bolsas asiáticas e européias abriram com forte baixa: A Grécia pôde ser socorrida, mas o resgate de uma economia do tamanho da italiana seria impensável.
ANÁLISE
Guido Mantega lamenta a situação a que seu país natal foi arrastado. Ele debita a derrocada à lentidão de resposta dos líderes europeus, especialmente a inação do Banco Central Europeu – em condições de dar apoio antes do agravamento da crise, se tivesse atuado decisivamente na compra de títulos do Tesouro de Roma; como fizeram os EUA acionando o FED para adquirir bônus do tesouro americano.
A essa crítica adicionamos a feita pela presidente Dilma durante reunião em Washington: faltou coordenação. Por ex. o FMI poderia lançar mão de sua moeda virtual, os Direitos Especiais de Saque; monetizar sua reserva em ouro, etc; evitando o colapso da economia mundial…. por uma década.
2. DIAS NA BERLINDA
OS FATOS
Mais um ministro do governo federal entrou na semana pulando em corda bamba: o Sr. Carlos Lupi, do Trabalho, afetado por denuncias contra assessores seus. Também dirigente nacional, licenciado, do PDT, Lupi se mantinha no cargo até esta quinta, dia em que enfrenta uma sabatina na Câmara dos Deputados. Com os rumores de sua saída, a Pasta poderia ir para o PMDB, com o PDT recebendo em troca o Ministério da Agricultura; com o nome do paranaense Osmar Dias voltando a circular como ministeriável.
ANÁLISE
Lupi – de origem e formação humildes no Rio – conseguiu herdar o partido fundado por Leonel Brizola com parcelas do antigo trabalhismo de Vargas e se alçar ao Ministério do Trabalho ainda no Governo Lula, sendo mantido pela nova presidente Dilma. Com uma visão política ancorada no passado, ele pouco atuou no essencial: qualificar o trabalhador brasileiro para um mundo competitivo e desafiador. Quando agiu, foi através de convênios com ONGs suspeitas, incorrendo no mesmo erro que derrubou o ministro Orlando Silva dos Esportes.
3. AGENDA VAZIA
OS FATOS
O PSDB juntou lideranças nacionais, governadores e “experts” para discutir uma atualização de sua agenda política, durante evento na segunda-feira realizado no Rio de Janeiro. Para dinamizar o partido, o ex-presidente FHC sugeriu um lema parecido com o slogan que levou Obama à presidência dos Estados Unidos (Sim, nós podemos), adaptado para “Sim, nós nos preocupamos” – alusão à crise que vai corroer o bem-estar das pessoas. Nos bastidores, a competição entre José Serra e Aécio Neves pelo podium da futura campanha presidencial.
ANÁLISE
A imprensa atribuiu pouca importância à rodada tucana, mas ela se justifica pela necessidade de balizar rumos – sobretudo diante das incertezas do cenário global. Como o PSDB é um partido misto, reunindo políticos e intelectuais, o debate se ampliou: enquanto Serra lia um texto de críticas ao governo petista, Aécio propunha uma agenda com alternativas. Já economistas e outros teóricos destilaram utopias e demasias, com destaque para o ex-presidente do Banco Central, Armínio Fraga, que deseja cortar pela metade o número de ministérios. Nesta altura “economizar é preciso!”.
4. FALTOU MARKETING
OS FATOS
No Paraná, ampla maioria dos deputados da Assembleia Legislativa aprovou proposta do Executivo para atualização das taxas do serviço de trânsito administradas pela DETRAN. Após idas e vindas em que a Oposição protestou e até o governador admitiu “erro de digitação” na definição das alíquotas, a imprensa se posicionou de forma crítica, com manchetes como “Às cegas, deputados estaduais aprovam tarifaço do DETRAN” e, “Tarifaço do DETRAN chega a até 271%”.
ANÁLISE
Na realidade faltou uma boa operação de marketing institucional para expor o assunto à opinião pública antes da sua remessa ao Legislativo, porque na média o aumento nas taxas será de 28,06%. Mesmo assim, salgado em tempos de cinto apertado… De resto, o fato de 42 parlamentares votarem a favor, e apenas 8 contra, confirma a hegemonia que os governantes regionais – em qualquer latitude de nossa História – exercem sobre representantes eleitos pelo sistema proporcional aberto; tese de doutorado de Fernando Abruccio, quando chamou os governadores de “Barões da Federação”.
5. CRISE EM GESTAÇÃO
OS FATOS
Mais incômoda é a situação do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, com o “imbróglio” da Universidade de S. Paulo. A controversa gestão do atual reitor daquela instituição, João Grandino Rodas, resultou na ocupação do prédio da Reitoria por um grupo de estudantes mais radicalizados. Após negociações infrutíferas, a polícia usou a tropa de choque que, além de desocupar o imóvel, prendeu 72 estudantes – levados a uma delegacia onde só foram liberados após pagamento de fiança, bancada por sindicatos.
ANÁLISE
O episódio desencadeou greves setoriais do corpo acadêmico, adesão de professores e funcionários e um clima de desassossego que pode derivar para contestações à ordem estabelecida – repetindo o Chile. O governo paulista, o reitor Rodas e parte da imprensa, não compreenderam que os estudantes – após anos de imobilidade – acharam um tema para ação, que deixa para trás o motivo inicial (reação à presença da PM no campus); a refletir um certo “espírito do tempo” que lembra o tenentismo da Primeira República: “O lema da Bandeira é ‘Ordem e Progresso’, mas ‘O progresso é obra dos dissidentes’”.
6. NO PR, SÓ UMA
OS FATOS
Na relação de obras com indícios de irregularidades graves, que anualmente o Tribunal de Contas da União envia ao Congresso, só figura uma em realização no Paraná: o Contorno Rodoviário de Maringá, no Norte do Estado, tecnicamente BR-376. Embora até aqui 49% do projeto já tenha sido executado, a recomendação do TCU pela paralisação se deve a suspeitas de irregularidades no contrato – o que é contestado pelo DNIT, órgão responsável pela atividade.
ANÁLISE
O critério de suspensão de obras foi refinado para evitar paralisações mais prejudiciais ao patrimônio público do que sua continuidade (com apuração final de responsabilidades). Assim, a parada na pavimentação da Estrada Boiadeira, ligando a região de Campo Mourão ao Mato Grosso do Sul, resultou na perda das obras de terraplenagem já executadas em área de arenito sujeita a forte erosão. Agora, a recomendação deve ser endossada por um ministro da Corte antes de chegar ao Congresso – que ainda decide se suspende a obra ou apenas pressiona pelo saneamento de irregularidades. Mesmo nessa lista a presença do Paraná é modesta: o Estado recebe pouco investimento federal em infra-estrutura.
Rafael de Lala,
Presidente da API e pela Coordenação da
Frente Suprapartidária do Paraná pela Democracia
e Grupo Integrado de Ações Federativas do Paraná
Contato: (41) 3026-0660 / 9167-9233 (Magda) – E-mail: api1934@gmail.com
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Rua José Loureiro 464, Sala 44 – Centro – Curitiba/PR

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