quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

PRECISAMOS DE UM DENG, MAS TEIMAMOS COM MAO



*Hamilton Bonat



Até 2025, a demanda por energia irá duplicar na China. Ela passará a consumir 25% da energia mundial. Pode parecer exagero, mas não é, principalmente se levarmos em conta que, durante 18 dos últimos 20 séculos, ela produziu uma parcela do PIB mundial maior do que qualquer sociedade ocidental.
Compreender a história da China não é nada fácil. Trata-se de uma civilização que se origina numa antiguidade tão remota, que são baldados os esforços para descobrir onde iniciou. Sabe-se que o “Império do Meio” entrou em declínio no século XIX. Em parte, por culpa da autoconfiança dos seus dirigentes, que o consideravam o centro da humanidade, portanto, imune às ameaças dos povos bárbaros, como chamavam os demais. Consideravam-na uma civilização tão sofisticada, que nada teria a aprender. As outras que fossem lá para copiá-la.
Entendia que todo o extremo oriente era seu. Mas os vizinhos, especialmente o Japão, os países do sudeste asiático, a Manchúria Exterior e a Mongólia Exterior, negavam-se a se subjugar. Ao norte, a Rússia representava uma terrível e histórica ameaça.
Sua visão sinocêntrica, até certo ponto ingênua, acabou sendo fatal. Enquanto os japoneses, que também consistiam uma sociedade fechada, por temor ao dragão que morava a apenas 200 km de sua pequena ilha, resolveram abrir-se e aprender com os estrangeiros, a China se manteria isolada durante séculos.
Quando sentiu que os europeus, a quem consideravam os bárbaros do leste, a ameaçavam, tentou empregar, mas sem sucesso, a estratégia de usar “bárbaros contra bárbaros”. Sofreu muito com a guerra do ópio e com as invasões japonesas. Não se conforma até hoje com a perda para a Rússia de ampla fatia da Mongólia Exterior, onde se situa o porto de Vladivostok.
A mesma Rússia ajudaria a derrubar o já combalido regime republicano, que, em 1911, havia substituído a última dinastia imperial. Após intensa guerra civil apoiada pelos soviéticos, o Partido Comunista Chinês chegaria ao poder em 1949. Os russos acreditaram terem, enfim, controlado a China, o que seria realidade até certo tempo. Mao Tsé Tung, aos poucos, foi percebendo que Nikita Kruschev se portava mais como o costumeiro ameaçador urso do que como um bom camarada.
Sob Mao, os chineses continuariam isolados dos bárbaros, até mesmo os de Moscou, que pretendiam impor sua hegemonia ideológica. Quando, em 1955, a União Soviética criou o Pacto de Varsóvia, Mao se recusou a tomar parte. A China não iria subordinar a defesa de seus interesses nacionais a uma coalizão. Ante a ameaça de milhões de tropas russas desdobradas ao longo da extensa fronteira norte, Mao acabaria se aproximando dos americanos.
Se no passado, usar “bárbaros contra bárbaros” havia sido uma estratégia, Mao, para se manter no poder, usaria chineses contra chineses. Lançando uns contra os outros, implantou o terror interno, até chegar à Revolução Cultural, uma verdadeira carnificina humana.
Deng Xiaoping (foto), apesar de ter sido preso e exilado várias vezes, conseguiu sobreviver. Embora tivesse ideias diferentes, expressava-as reservadamente, pois era inteligente o bastante para não contrariar Mao em público. Esperou sua morte para chegar ao poder e implementar as reformas. Certa vez, conversando com cientistas australianos, disse que a China era um país pobre, necessitado de mudanças científicas e de aprendizado com países avançados, comentário sem precedentes para um líder chinês. Enviou milhões para estudar no exterior, a fim de criar as bases para a inovação tecnológica. Abrindo a China para o mundo e investindo em educação e pesquisa, uniu os chineses e criou as condições para que o país voltasse a ser uma potência.
Com os chineses de Deng, poderíamos buscar ensinamentos para deixarmos de ser meros exportadores de commodities. Porém continuamos impregnados pela ideia de Mao de jogar uns contra os outros, enquanto o povo, mantido ignorante, agradece pelo pão que lhe é doado e aplaude os palhaços de um circo quase falido.
Fonte: www.bonat.com.br

quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

BOLETIM CULTURAL DA API


Aos Associados

Sob coordenação da Diretoria de Assuntos Culturais, reunimos informações de interesse geral sobre a imprensa, que passaremos a remeter semanalmente aos membros da API. Aceitaremos sugestões e contribuições.


1. CONFRONTO DIA 7
Vence neste dia 7 o prazo para que os grupos de comunicação da Argentina promovam a separação entre seus ativos de forma a reduzir o grau de concentração na mídia, principalmente quanto à propriedade de redes de televisão e rádio. O alvo não declarado da nova lei é o grupo Clarin, que edita o jornal do mesmo nome, considerado como um crítico ácido – e portanto – “inimigo” do governo de Cristina Kirchner. Mas o outro grande jornal platino, “La Nación” também protesta contra o que considera restrição à liberdade de expressão.

2. EXEMPLO DE TOLERANCIA
A propósito, destaque para o exemplo de tolerância do jornal Gazeta do Povo. No último dia 29 o veículo publicou editorial criticando a manifestação programada em Curitiba em favor do ex-ministro José Dirceu, condenado pelo Supremo no processo do “Mensalão”, sob o titulo “Desagravo inoportuno”. No sábado, dia 1° de dezembro, acolheu na mesma página de opinião o artigo “Liberdade Ameaçada”, de um professor de Filosofia da UFPR, que protestava contra as afirmações daquele artigo de fundo. Luiz Moutinho reclamava que o ato seria “em defesa do livre pensamento e expressão” – um direito democrático “que não pode ser cassado”. O jornal aceitou a ponderação, publicando a resposta, num belo exercício de liberdade de expressão.

3. FALA, GABEIRA
Quem também se expressou, escrevendo, foi o ex-guerrilheiro, ex-exilado e ex-deputado Fernando Gabeira. Que não deseja ser visto como também ex-jornalista, por estar retornando à profissão após 50 anos de militância na vida política – esquerdista, defensor da luta armada, parlamentar e cronista de costumes. Essa trajetória vem no livro “Onde está tudo aquilo agora?” em que Gabeira reconta fatos que ficam de fora do “bestseller” anterior: “O que é isso companheiro?” Se na obra famosa Gabeira apresentou o período de luta armada, agora reconta a biografia mais amena de menino mineiro de Juiz de Fora até sua passagem pela ecologia – que confessa ser um substituto do marxismo militante – e o desapontamento com o mandato de congressista. Afinal, lidar com a rotina sob o regime democrático não pode mesmo agradar a um rebelde.

4. NA INGLATERRA, PRESSÃO
Na Grã-Bretanha e na esteira do escândalo do jornal sensacionalista “News of the World” – que o polêmico Rupert Murdoch foi levado a fechar – um relatório oficial pede controle da imprensa. O documento, apresentado por uma comissão de notáveis liderada por um juiz sênior, recomendou a criação de uma instância com poder de multar veículos por conduta supostamente irregular. Envolto em amenidades, o estatuto propõe um conselho de auto-regulamentação, voluntário entre aspas (quem não aderir fica sujeito a outras sanções), que vai na contramão de uma liberdade desfrutada pela imprensa inglesa há mais de 300 anos. Num sinal de controvérsia, enquanto o premier David Cameron se pôs contra, seu vice-premier, um jovem político chamado Nick Clegg, se declarou a favor da polêmica iniciativa. Que dificilmente passará numa Inglaterra que foi a pátria de pensadores da liberdade e da tolerância, como John Locke, David Hume, Stuart Mill e Bertrand Russel.

5. MORREM JOELMIR E PIGNATARI
A imprensa perdeu, no período, dois ícones da profissão: Joelmir Beting, pioneiro do jornalismo econômico descomplicado e Décio Pignatari, professor de comunicação e pensador de escol. Joelmir - filho de imigrantes do interior paulista -, iniciando a carreira pelo jornalismo esportivo, logo se deslocou para a página de economia e o comentário de tevê – com um sucesso de décadas. Pignatari – outro filho da imigração do café -, crítico da literatura e da vida urbana nas megacidades como S. Paulo, mudou-se para Curitiba onde residiu durante a última década.  

6. ONU VÊ REDES E INTERNET
Começou em Dubai, na Ásia, a Conferência Mundial sobre Telecomunicações, organizada pela UIT, agência das Nações Unidas. O evento, que se estenderá até a próxima semana, vai discutir a governança das redes de comunicação – notadamente o tráfego de dados via provedores de conteúdo como Google e Facebook e o sistema da Internet. Para o ministro Paulo Bernardo, chefe da delegação brasileira, será difícil fechar um consenso em torno da gestão dessas inovações tecnológicas: atualmente a internet é controlada pela ICANN, organismo baseado nos Estados Unidos – país que detém forte influencia sobre sua governança. O Brasil defende um modelo de neutralidade para a rede, com participação mais plural dos países usuários (inclusive na receita gerada), mas se opõe ao controle estatal via União Internacional de Telecomunicações.

04/12/2012

Rafael de Lala,
Presidente - API – Associação Paranaense de Imprensa
Hélio Freitas Puglielli,
Diretor de Assuntos Culturais da API

E-mail: api1934@gmail.com Twitter: @Apimprensa
Contato:      (41) 3026-0660 / 3408-4531/ 9167-9233
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quinta-feira, 29 de novembro de 2012

FATOS POLITICOS RECENTES (E ANÁLISE DA CONJUNTURA)


1. EUROPA SALVA

OS FATOS
Após um período de impasse e sucessivas reuniões, os líderes europeus tomaram duas decisões importantes para o futuro da União Europeia e do bloco do euro: aprovaram um novo pacote de financiamento para a Grécia, que permitirá ao país quitar as dívidas que estão vencendo neste final de ano e um pacote de resgate para os bancos da Espanha, no valor de 100 bilhões de reais, beneficiando instituições que haviam sido estatizadas no bojo da crise que envolveu o país.
ANÁLISE
O programa grego levará a uma progressiva redução da dívida pública, que mesmo assim baixará para 124% do PIB do país, o que prolonga a agonia da economia e da população da Grécia. Na Espanha a crise será amenizada com o resgate dos bancos nacionalizados, porém ao preço da piora dos indicadores sociais que já estão pesadamente taxados: perda de empregos, redução de aposentadorias e salários e – trazendo à memória a crise americana de 1929 – distribuição de “sopão dos pobres” para pessoas sem condições de comprarem alimentação básica. O pior é que a projeção dos principais analistas indica que a má fase vai continuar, a partir de um aperto exagerado imposto pela liderança do bloco europeu.
2. BRASIL MELHORA
OS FATOS
No Brasil, apesar de um ano difícil em finalização, os indicadores melhoraram neste quarto trimestre, com o PIB avançando até 1,3%, o que levou o ministro da Fazenda, Guido Mantega, a anunciar novas medidas contra cíclicas para sustentar algum crescimento. “O PIB de 2012 não será nada espetacular, porém ficará no campo positivo”, assegurou o titular das finanças. Já para o próximo ano a projeção do governo e de um estudo recente da (OCDE) vai a mais de 4%, enquanto os economistas da área de mercado situam esse avanço entre 3% e 3,5%.
ANÁLISE
A continuidade de ações pró-crescimento anunciada por Mantega vai na direção de uma ampliação das desonerações de impostos para setores selecionados. O ministro assegura, porém, que “em algum momento haverá uma desoneração plena, beneficiando toda a economia” – ponto defendido pela maioria dos especialistas que censuram a atual política seletiva de redução da carga por setores. O ideal, de fato, seria um rebaixamento da carga tributária atual, que com mais de 35% atualmente, se situa num patamar incompatível com a posição do Brasil como país emergente (nestes, a média é de 25%). Mas, para isso, teríamos que adotar um programa firme de contenção de despesas públicas, implicando congelamento da construção ou ampliação de edifícios governamentais, ingresso de funcionários e assim por diante – o que ainda não ocorre.
3. REFORMA POLITICA
OS FATOS
Mesmo com quorum desfalcado (o 10º ministro, Teori Zavaczki( tomou posse na quinta), o Supremo Tribunal Federal concluiu a aplicação das penas aos réus do processo do “Mensalão”. Como previsto, os cabeças políticos do esquema foram condenados a sanções que implicam o cumprimento da parte inicial em regime fechado; beneficiado o ex-deputado Roberto Jéferson, por ter indiretamente denunciado a questão.
ANÁLISE
Apesar de toda a carga emocional envolvida na questão (haverá até um evento petista de desagravo ao ex-ministro José Dirceu em Curitiba, segunda), o “mensalão” é um dos frutos da disfunção institucional do regime brasileiro. O ponto: em vez de partidos minimamente orgânicos – com doutrina própria e explicita perante o eleitorado – possuímos um sistema frouxo, em que as agremiações partidárias são mero ajuntamento fisiológico, dominadas por caciques de uma cúpula que usa de expedientes para se manter no poder, e cujos integrantes aplicam idênticos expedientes para se eleger. Sem uma reforma progressiva – agora imposta pela sanção judiciária – continuaremos navegando de escândalo em escândalo, com a resultante esperada: baixo crescimento nacional, problemas sociais etc.
4. NOTÍCIA BOA
OS FATOS
O governador Beto Richa está lançando um programa de investimentos de R$ 12,5 bilhões na infraestrutura pública, abrangendo projetos de recuperação da malha viária, modernização do porto de Paranaguá e setor de energia (geração e distribuição de eletricidade). No fechamento deste boletim ainda não estava clara a fonte dos recursos, sendo de esperar que parcela virá do orçamento regular e outra, de financiamentos já pleiteados junto a organismos multilaterais ou público (BNDES, Banco Mundial, etc.) O lançamento inicial foi apresentado aos prefeitos eleitos, reunidos em Foz do Iguaçu, evento tradicional da Associação dos Municipios do Paraná.
ANÁLISE
A boa notícia se deve a um certo movimento crítico quanto à demora do governo estadual, sob a atual gestão, para deslanchar seu programa de obras. O tema foi inclusive, objeto de artigo do professor Belmiro Castor, ex-secretário estadual de Planejamento, intitulado “o tempo passa, o tempo voa”, mas debitado – pelo Palácio Iguaçu – às condições em que Richa encontrou a administração paranaense. De fato, nos últimos períodos governamentais até o escritório de preparação de projetos foi desativado e nenhum empréstimo de longo prazo pleiteado, por influência da linha política dos governantes. Além do que a desaceleração advinda da crise mundial iniciada em 2008 – e que ainda perdura – afetou a economia paranaense, pesadamente dependente das exportações primárias.
MISCELÂNEAS (I)
Na área internacional a errata da semana foi o decreto do novo presidente do Egito de ampliação dos próprios poderes. A reação geral mostra que os povos da Primavera Árabe estão fartos de ditadores e aspirantes a tiranos =/=Presidente Dilma priorizou a relação com a Argentina em vez de uma cúpula sul-americana, para sinalizar seu apoio ao combalido governo de Cristina Kirchner.
MISCELÂNEAS (II)
No Brasil configura-se errata da Medida Provisória que alterou o regime de concessão das empresas de energia elétrica. A gritaria geral, conjugada com a queda do valor de mercado dessas operadoras, leva o governo a um recuo tímido, mas necessário =/= O novo escândalo descoberto na administração federal, da troca remunerada de vantagens a partir do Escritório da Presidência em S. Paulo, reabre o tema da centralização. Só a concentração de funções em mãos da União enseja tal desvio republicano =/= Prevista para hoje a sanção parcial da Lei de Divisão dos Royalties do petróleo. Deverá haver veto na parte que modifica o regime dos contratos já assinados, mas o governo se inclina por distribuir os benefícios por todos os estados, beneficiando inclusive o Paraná.
MISCELÂNEAS (III)
Reajuste da tarifa do pedagio nas rodovias concedidas do Paraná reabre a discussão sobre os contratos assinados pela administração estadual. Em São Paulo o governo Alckimin lavrou um tento, ao rebaixar essa tarifa com base em índices de retorno mais consentâneos com a queda geral das taxas de juros =/= PMDB paranaense terá disputa no pleito interno do dia 15, com duas correntes principais: a do senador Roberto Requião e a do conjunto bancadas federal e estadual mais o ex-governador Orlando Pessuti =/= Abuso policial precisa ser contido, a partir do caso ocorrido no Bairro Alto em Curitiba. Se não houver sanção rígida a situação descambará como em S. Paulo – o que é inadmissível para um estado civilizado como o Paraná.
  (29/11/2012)
Rafael de Lala,
Presidente da API – Associação Paranaense de Imprensa
Coordenação da Frente Suprapartidária do Paraná pela Democracia
e Grupo Integrado de Ações Federativas do Paraná
E-mail: api1934@gmail.com Twitter: @Apimprensa
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sexta-feira, 23 de novembro de 2012

FATOS POLITICOS RECENTES (e Análise da Conjuntura)


1. EUROPA DESALINHADA
Os Fatos
Lideres dos principais países europeus prorrogaram a solução para a crise da dívida da Grécia, mas a premier alemã Ângela Merkel assegurou que a decisão sai nos próximos dias. Em paralelo, ao visitar a Espanha para novo encontro do fórum de relacionamento ibero-americano, a presidente Dilma Rousseff reiterou a posição do Brasil: é preciso um pacto global pelo crescimento. Segundo a dirigente brasileira “se todos os países fizerem ajustes fiscais simultâneos, o resultado será a recessão”. Essa linha pragmática de enfrentamento da crise, que o Brasil vem sustentando desde o governo anterior do presidente Lula, foi abraçada pelo Banco Mundial. A instituição defende um programa de ajustamento distribuído no tempo que permita a recuperação e não o sufoco dos devedores.
Análise
O realismo brasileiro assenta na boa vertente da economia de intervenção limitada preconizada pelo pensador John M. Keynes e aplicada nos Estados Unidos com o “New Deal” do governo Roosevelt para a recuperação da grande crise de 1929. Políticas de estímulo conduzidas com prudência podem contribuir para a recuperação de forma mais positiva do que a ênfase nas soluções de curto prazo – como também aprendeu a América Latina em décadas passadas. Em paralelo à defesa de “horizontes de esperança” para as sociedades daqueles países, Dilma defendeu o experimento da União Européia e do euro como “uma das maiores conquistas da humanidade” assegurando aos espanhóis que nesta hora difícil “o Brasil não deixará a Espanha só”.
2. CRISE E ALINHAMENTO
Os Fatos
Na Argentina as crises contra o governo Cristina Kirchner se sucedem: antes foi um panelaço promovido pelas classes médias incomodadas com os arroubos vistos como autoritários da governante. Depois, uma paralisação de sindicatos acarretou uma greve generalizada na capital e cidades importantes do interior. Em paralelo, a popularidade da presidente, reeleita há pouco tempo com larga maioria, vem recuando na medida em que se sucedem os problemas e enfrentamentos. No contraponto, os países latino-americanos da costa do Pacífico, do Chile ao México, ensaiam um projeto de união comercial que poderá ampliar as trocas intra-regionais e acelerar o crescimento dos parceiros
Análise
Afora o aspecto de instabilidade política o risco de uma deterioração na Argentina afeta o Brasil: o país platino é um de nossos principais parceiros de comércio e sócio estratégico no Mercosul. Além do que a restrição de novas afiliações impostas pelo Mercosul prejudica os interesses brasileiros, bloqueado no estabelecimento de acordos vantajosos com aquelas nações mais dinâmicas da orla do Pacífico.
3. NOTICIA BOA (I)
Os Fatos
O Governo Richa conseguiu agilizar as providencias para a tomada de um empréstimo de R$ 817 milhões do Banco do Brasil. O dinheiro, resultado do programa anticíclico lançado pelo governo federal para facilitar ao país o enfrentamento da crise internacional, vai ser aplicado em investimentos de segurança pública, melhoria de estradas e obras nos municípios paranaenses. Além disso, o governo estadual pleiteou outros financiamentos de órgãos multilaterais (em condições mais favoráveis do que as do mercado financeiro privado) e aguarda autorização da Secretaria do Tesouro Nacional e do Senado para contrair empréstimo de 350 milhões de dólares do Banco Mundial para aplicações em saúde e educação.
Análise
A retomada dos fluxos de recursos de fontes multilaterais é importante porque, dadas a característica de nosso modelo federativo, os estados-membros não conseguem deslanchar apenas com receita tributária. Apoiar empreendimentos produtivos via instituições como o BRDE e a Agencia de Fomento Estadual é uma alavanca para desenvolver a economia, ao lado de investimentos em áreas públicas de infra-estrutura logística e social (aqui, a melhoria dos serviços de saúde, educação e segurança). Resta esperar que os paranaenses se unam em torno desses objetivos de desenvolvimento – sobretudo a Bancada de Senadores e Deputados Federais – com todos os atores evitando viés partidário nesse esforço paranista.
4. NOTICIA BOA (II)
Os Fatos
A safra brasileira para 2013, tanto a de verão em fase de plantio como a de inverno a plantar no primeiro semestre, tende a crescer 20% em relação ao volume atual, chegando a 185 milhões de toneladas de grãos. O potencial para soja deve girar entre 81 e 85 milhões de toneladas, com igual destaque para milho, trigo, arroz, feijão e outras culturas – inclusive a cana, pronta para recuperar níveis com a correção no preço interno dos combustíveis. Os fatores positivos para esse avanço são o clima favorável e a capitalização conseguida no ciclo atual (permite aos produtores a utilização de mais tecnologia na lavoura). Ainda, parte da produção futura já tem mercados e contratos definidos, segundo o ministro da Agricultura.
Análise
O agronegócio brasileiro está sendo beneficiado por fatores próprios e alguns externos. Entre os primeiros, a ênfase do governo na garantia de condições favoráveis, como a disponibilidade de crédito na hora certa e a correção de gargalos na infra-estrutura. De fora os aspectos que nos beneficiam são os reflexos da seca severa que atingiu outros produtores de escala como Estados Unidos e Argentina; bem assim descontinuidades decorrentes da crise macroeconômica e de políticas aleatórias em alguns concorrentes (Argentina). Mas persistem dificuldades locais na logística (problemas no escoamento da produção do centro-oeste desde o Mato Grosso), nos portos e similares – descompasso na oferta interna de insumos para rações, gangorra de preços da alimentação, etc.
5. NOTICIA BOA (III)
Os Fatos
A adoção de uma política industrial voltada para o setor automotivo deve permitir o avanço do Brasil entre os produtores mundiais de veículos, segundo estudos recentes. O país vai se tornar o sexto maior produtor até 2017, superando a Coréia. O estímulo governamental levou o investimento anunciado pelas principais firmas da área a R$ 60 bilhões, com projetos distribuídos por diversos estados. Já as vendas deste ano – janeiro a agosto, com 2,4 milhões de unidades, situam o Brasil em quarto lugar, atrás da China, Estados Unidos e Japão. No Paraná em 2013, a venda de veículos deve crescer 6%, recuperando a retração deste ano principalmente em caminhões e ônibus – conforme a entidade setorial, Fenabrave.
Análise (I)
Há dois pontos a considerar neste fato: o primeiro é que o vasto território brasileiro permite continuidade na expansão do número de veículos automotores – sobretudo para utilização no interior e fora das cidades maiores onde, de fato, já é registrada saturação. Doutro lado, justamente por focar o mercado interno, em produção o Brasil parece uma ilha – critica um expert da área. Para ele perdemos mercados externos nos últimos anos, devido a fatores vários (custo de produção local, falta de incentivos para exportação, etc). Para analisar mais densamente: países de mercado estreito, como a Coréia, praticam política agressiva de exportações, bastando ver os pesados anúncios de marcas coreanas.
Análise (II)
Porém, sem uma grande montadora nacional o Brasil desperdiça esforços com o novo regime – adverte um especialista. O professor Ronaldo Salvagni, coordenador do Centro de Engenharia Automotiva da USP, escreveu artigo na Folha de S. Paulo em  que critica “A falta que uma montadora brasileira faz”. Segundo o texto “a área de inovação é estratégica demais e sempre fica na matriz, por mais que criemos ‘regimes automotivos’. É frustrante, todo país grande tem sua montadora”.
6. MAIS RITMO
Os Fatos
Ao fazer um balanço das obras relacionadas no Programa de Aceleração do Crescimento o governo federal admitiu, através da ministra do Planejamento, ser preciso aplicar mais ritmo na execução de tais projetos, cujo cronograma sofre adiamentos periódicos. “A nossa expectativa é sempre superior, há empenho de todos os ministros e a gente quer fazer mais”, declarou Miriam Belchior. Os empreendimentos da área como usinas hidrelétricas, portos e ferrovias, são de escala e enfrentam questionamentos ambientais, de órgãos reguladores e de contratação de executores, com defasagem de até 40%.
Análise
Sem dúvida o PAC, despejando bilhões em obras de infraestrutura, é um fator de impulso para a economia, assegurando que o PIB anual não ingresse no terreno negativo. Porém em paralelo cabe alinhar outros fatores positivos para a construção de ambiente favorável aos investimentos – como assinalou estudo do Banco Mundial. No Paraná o professor Walter Shima, da UFPR, propõe novas abordagens, como a aplicação de conhecimento na exploração do potencial de recursos naturais, a nanotecnologia e a economia criativa (design, moda, etc). Mas a intervenção abrupta na área de energia – confirma-se – foi um “tiro no pé”.
7. RESGATAR A SEGURANÇA
Os Fatos
O início de ações conjuntas de inteligência policial, de fiscalização de divisas e outras, entre a União e o Governo do Estado de São Paulo pode refluir o clima de insegurança desencadeado na metrópole paulistana e que, em algumas semanas, já desbordava para cidades do interior. No entremeio ocorreu a troca do secretário paulista de Segurança Pública, o que pode facilitar os entendimentos para essa ação coordenada.
Análise (I)
De toda forma a desenvoltura com que facções do crime organizado comandaram ações delituosas em São Paulo – por sua vez respondidas com operações ilegais da polícia – gerou uma expectativa de insegurança contrária ao princípio da ordem pública. Se autoridades estaduais, em São Paulo, Santa Catarina e outras regiões, carecem de meios para lidar com a magnitude do desafio dos criminosos, por que não apelar para a presença de forças federais que poderiam operar num padrão de saturação do território para coibir a iniciativa dos bandos marginais? Ao lado de restrições já adotadas em países como a Colômbia, para a circulação de motocicletas com caroneiros, identificação forçada de placas de tais veículos e assim por diante.
Análise (II)
Ao lado e em desdobramento dessas medidas conjunturais cabe recolocar na ordem do dia a questão cultural. É válido insistir na restauração de padrões de formação que incluam noções de moral e civismo – desde a idade escolar – para a prevalência de uma cultura de convivência pacífica, fundamento da viabilidade dos grupos humanos em sociedade. Nessa linha, apoiamos a iniciativa do Ministério Público, já lançada no Paraná, para estimular nas pessoas a reflexão antes da prática de atos de violência. A campanha “Conte até 10” assenta na realidade de que no estado, até 30% dos homicídios ocorrem por motivos banais (briga entre vizinhos, discussões de trânsito e agressões domésticas). O projeto de convivência harmoniosa deve ser estendido agora, para as igrejas, centros comunitários e entidades sociais – porque nada é mais valioso do que a vida.
Miscelâneas políticas
Sob a nova presidência do ministro Joaquim Barbosa, o Supremo entra em fase decisiva do julgamento do mensalão. A Corte precisa decidir se parlamentares condenados perdem o mandato e quando =/= Tucanos estão em fase de mudança de plumagem, isto é, de doutrina partidária e se aprestam a escolher um novo presidente. A mudança de geração deverá recair no senador Aécio Neves, de Minas Gerais =/= No Paraná a disputa é pelo comando do PMDB estadual =/= Senador Sergio de Souza escalado para relatar MPs de interesse do Governo no Congresso.
Miscelâneas (II)
Crise reaberta no Oriente Médio, opondo Israel e os palestinos de Gaza, fazia perigar a estabilidade mundial. Por isso países hegemônicos como os Estados Unidos e o vizinho Egito trabalharam por uma trégua entre o governo israelense e o grupo Hamas =/= No Brasil, o Congresso corre contra o relógio para aprovar nova distribuição do Fundo de Participação dos Estados, respeitando decisão do Supremo. O Paraná precisa ficar atento para não sair prejudicado nessa partilha =/= Carlinhos Cachoeira, o contraventor-pivô de CPI do mesmo nome instalada no Congresso, saiu da prisão, condenado a pena que permite regime semiaberto. Já a CPI respectiva periga não ter seu relatório final.
Miscelâneas (III)
Ex-deputado federal Ricardo Barros retornou à Secretaria Estadual de Industria e Comercio (e Assuntos do Mercosul). Ele ficou licenciado para conduzir as campanhas municipais em que seu partido, o PP, era protagonista ou aliado =/= Também retornou de curtas férias pós-eleição o novo prefeito de Curitiba, Gustavo Fruet. Sua volta acelera as providencias para o início da gestão, dentro de pouco mais de um mês =/= Feriados em meio de semana “comem” um naco da produção, ocasionando prejuízos à economia. Por isso volta o movimento para transferi-los todos para as sextas.
Agenda:
A Assembleia Legislativa do Paraná realizará sessão especial, no próximo dia 26, em homenagem aos 123 anos da proclamação da República e da adoção da Bandeira Nacional. O evento, convocado por iniciativa do deputado Ney Leprevost, terá participação do Instituto Histórico e Geográfico do Paraná, do Comando da 5ª. Região Militar/ 5ª Divisão de Exército e de estabelecimentos de ensino da região de Curitiba.A celebração terá início às 14,30 horas e contará ainda, com a premiação dos concursos estudantis alusivos aos dois fatos históricos brasileiros.

Rafael de Lala,
Presidente da API – Associação Paranaense de Imprensa
Coordenação da Frente Suprapartidária do Paraná pela Democracia
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terça-feira, 20 de novembro de 2012

Boletim cultural da Associação Paranaense de Imprensa



Aos Associados

Sob coordenação da Diretoria de Assuntos Culturaisreunimos informações de interesse geral sobre a imprensa, que passaremos a remeter semanalmente aos membros da API. Aceitaremos sugestões e contribuições.

1. Mais Importante
Na entrevista de despedida ao deixar a presidência do Supremo Tribunal Federal o ministro Carlos Ayres Brito situou a revogação da Lei de Imprensa como sua principal medida como membro da corte. “A liberdade de expressão é a porta de entrada da democracia”, declarou o jurisconsulto responsável por propor o voto vencedor revocatória aquela legislação de raiz autoritária, ajuntando que para regular a conduta dos jornalistas e órgãos de imprensa bastam a Constituição e as leis ordinárias. 

2. Órgão de Vigilância
Ayres Brito ainda conseguiu um trunfo, na última sessão que presidiu do Conselho Nacional de Justiça (cargo cumulativo com o do STF): o órgão oficializou a criação de um Fórum Nacional do Poder Judiciário e Liberdade de Imprensa, para acompanhar processos contra jornalistas nos tribunais de todo o país. Composto por magistrados e membros de entidades representativas, o órgão ajudará a acompanhar a jurisprudência do Supremo de proteção à liberdade de expressão.

3. Sem Ambiente
Na mesma linha, ao abrir uma conferência internacional anticorrupção realizada no Brasil, a presidente Dilma Rousseff deu destaque ao papel da mídia no combate à corrupção, “mesmo quando há exageros”. Para a governante principal do país “é sempre preferível o ruído da imprensa livre ao silêncio tumular das ditaduras”. Por isso carecem de densidade as tentativas de certos segmentos políticos de proposição de um marco regulatório para a imprensa; principalmente agora, que a opinião livre conta com o respaldo dos dirigentes das instituições basilares da República.

4. Para as calendas
Outro assunto que também está marchando para a gaveta é o projeto sobre marco civil da Internet, em tramitação na Câmara dos Deputados. Sob relatoria do deputado Alessandro Molon a proposição que regula direitos e deveres dos operadores e usuários da rede mundial de informática não conseguiu formar consenso entre as principais bancadas daquela Casa do Congresso. Com o calendário apertado de final de ano – e de finalização do mandato da atual Mesa Diretora presidida pelo deputado gaúcho Marco Maia – dificilmente haverá condições de a matéria ser levada ao plenário antes de 2013.

5. Miscelâneas
A Justiça rejeitou a última ação proposta por uma denominação religiosa contra o jornal “Folha de S. Paulo, de mais de cem proposições apresentadas em várias comarcas daquele e de outros estados =/= Governo argentino redobra pressões contra grupos independentes de comunicação, na esteira da crise de confiança que se abateu sobre o mandato da presidente Cristina Kirchner =/=



Rafael de Lala,
Presidente da API – Associação Paranaense de Imprensa


Hélio Freitas Puglielli 
Diretor de Assuntos Culturais.



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