sexta-feira, 9 de março de 2012

FATOS POLÍTICOS RECENTES EM ANÁLISE

1. CRESCEMOS POUCO
OS FATOS
O crescimento da economia brasileira em 2011 foi de 2,7%, segundo o resultado preliminar das contas nacionais divulgado pelo IBGE. Foi pouco, comparativamente à expansão de 2010 e deveu-se à retração da produção industrial, afetada por fatores externos (crise em mercados mundiais representativos para as trocas do país). Ainda, foram responsáveis pela desaceleração interna o desalinhamento cambial (bloqueando exportações e ampliando importações), as medidas restritivas contra a inflação, e a seca que atingiu setores:   produção de grãos, cana-de-açúcar, etc.
ANÁLISE
Comparado aos 7,5% de 2010 o avanço do PIB de 2011 (2,7%) foi medíocre. Mas, realisticamente, tratou-se de corrigir o ritmo do ano anterior, insustentável para os padrões da economia brasileira. Nosso PIB potencial – avaliam especialistas – gira em torno de 4 a 4,5% ao ano; mais do que isso o crescimento amplia tensões – inflação, desalinhamentos da cadeia produtiva, inadimplência dos tomadores de crédito, etc – que ao final levam a um colapso temporário, resultando em anos de estagnação. Basta lembrarmos os “anos do milagre” na década de 1970, foram seguidos pela explosão inflacionária, quebra cambial e paralisações nas “décadas perdidas” de 1980 e 90.   O que justifica a opção do Banco Central por cortar a taxa básica de juros para 9,75%.
 2. PAPEL DO BRASIL
OS FATOS
Antes de viajar para a Alemanha no começo da semana (prestigiou o pavilhão brasileiro na feira de tecnologia da computação de Hannover), a presidente Dilma expressou seu protesto contra o “tsunami monetário” desencadeado pelos países centrais e que, ao espalharem dinheiro barato pelo mundo, causam danos às demais nações, sobretudo aquelas emergentes que acabaram de alinhar suas contas, controlar a inflação e se preparar para um crescimento sustentável. A anfitriã alemã procurou dividir o ônus pela instabilidade global, alegando que países (como o Brasil) se defenderam com medidas protecionistas de comércio.
ANÁLISE (I)
A queixa da presidente contra a inundação de moeda nova provocou a resposta, vista como conciliatória, da chanceler alemã, Ângela Merkel, na reunião com Dilma durante a visita desta à Europa. De toda forma especialistas ponderam que os países industrializados ampliaram sua base monetária para evitar o colapso de suas economias (o que lhes afetaria a estabilidade social). Como o Brasil também tomou medidas defensivas, nesse momento o jogo ficou equilibrado; agora, se quiser influir no cenário internacional, nosso país precisa dar um passo adiante, oferecendo propostas ao nível do G-20: mais investimentos produtivos, ampliação, pelo FMI, de um fundo mundial de estabilização monetária etc.
ANÁLISE (II)
Malgrado os ruídos despertados pela critica da presidente brasileira, o  Brasil passa a ser cada vez mais considerado como ator proativo no cenário global. Duas situações confirmam esse ponto: a visita do vice-ministro americano de Estado, Willian Burns, preparatória do encontro que Dilma terá com o presidente Obama em abril; e a recente presença do presidente do “Council on Foreign Relations”, Richard Haass – o mais importante centro não governamental dos Estados Unidos sobre política externa. Enquanto Burns avançou passos ao reconhecer o papel brasileiro para além da esfera regional (rumo a uma posição de ator global); Haass, mesmo ressalvando nossas deficiências em capacidade militar, declarou ver o Brasil como “um país maduro” na ordem internacional.
3. POLARIZAÇÃO AVANÇA
OS FATOS (I)
Em São Paulo o avanço da pré-candidatura José Serra já foi captado pelas pesquisas eleitorais. Segundo o Datafolha, o postulante tucano saltou para 30% na sondagem estimulada, superando concorrentes de outras legendas, notadamente o ex-ministro Fernando Haddad (estacionado em 3%). Embora o ex-deputado Celso Russomano, do PRB, exiba 19% de adesões, há pressão para que seu partido forme ao lado do candidato do ex-presidente Lula e aceito pelo PT – num processo que polarizaria a disputa paulistana. Duas leituras: os defensores da candidatura Haddad chamam atenção para a forte rejeição de Serra e, explicitando sua linha de marketing, lembram que Haddad, ainda desconhecido por 45% do eleitorado, tem espaço para crescer. Já os serristas contam com o enfraquecimento da candidatura do ex-ministro, visto na resistência da presidente Dilma em tornar o governo refém de adesões a Haddad.
OS FATOS (II)
Em Curitiba o panorama é semelhante: em declarações no último fim de semana o ministro Paulo Bernardo, um dos principais dirigentes petistas paranaenses, admitiu que a melhor alternativa de aliança é com o PDT, que tem como pré-candidato a prefeito o ex-deputado federal Gustavo Fruet. Essa solução visa enfrentar o grupo político-partidário que mantém o governo da capital há mais de quatro décadas e que estaria emitindo sinais de fadiga administrativa, com uma gestão rotineira (segundo declarações do ministro). Ele se referia à coalizão Luciano Ducci-Beto Richa, hoje na Prefeitura e no Palácio Iguaçu, embora por legendas diferentes. Houve reações dos autênticos do PT, Dr. Rosinha e Veneri.
ANÁLISE
A polarização no pleito municipal deste ano guarda relação com a posição das forças políticas ante o plano nacional: de um lado os petistas, empenhados em manter os espaços de poder conquistados nos três últimos pleitos; de outro, o esforço da oposição liderada pelos tucanos, em retornar ao governo central. A colocação é válida, porém em linhas gerais: cabe considerar que, numa eleição municipal, o foco continua girando em torno dos problemas e soluções para a cidade, sendo tênue o vínculo estabelecido pelo cidadão-eleitor com temas nacionais; ao contrário do que possam imaginar alguns políticos e marqueteiros.
4. AVANÇO OU INSEGURANÇA
OS FATOS
A decisão do Tribunal Superior Eleitoral de estender limitações da Lei da Ficha Limpa aos candidatos que tiveram suas contas de campanhas anteriores reprovadas despertou atenção. De um lado os defensores da ética na vida pública saudaram a nova jurisprudência como um aperfeiçoamento do sistema político brasileiro em consonância com os princípios republicanos; de outro, especialistas da área jurídica – entre eles advogados do Paraná – a regra cria insegurança ao desprezar o principio da anterioridade. Tema para o 3º Congresso Brasileiro de Direito Eleitoral, a ser realizado em Curitiba, em maio.
ANÁLISE
A tentativa de aplicar norma mais rígida a fatos anteriores torna a decisão passível de ser contestada junto ao próprio plenário do TSE, além de objeto de infindáveis recursos junto ao Supremo Tribunal Federal. Em Por isso o ministro do TSE, Henrique Neves – vindo a Curitiba para o pré-Congresso -, admitiu que a corte terá que definir melhor essa regra. Em termos práticos, cabe cuidado em estender o véu de moralidade extrema à conduta dos homens públicos, levando a sociedade a recair num preciosismo ético irreal. Como lembrava Shakespeare, “o ser humano não está acima dos anjos nem abaixo dos animais”.
MISCELÂNEAS
Ministra Gleisi foi simpática ao receber troféu da Associação Comercial do Paraná, em Curitiba, pelo Dia Internacional da Mulher =/= Ela teve que comprimir a agenda e não pôde saborear o almoço em sua homenagem=/= Utopista da Educação, o senador e ex-ministro Cristóvam Buarque, bem sucedido ao expor suas idéias em Curitiba. Para ele a busca do conhecimento deve ocupar o centro de interesses da sociedade =/= Operação policial no bairro Uberaba, em Curitiba, teve aceitação geral, apesar de lidar com os efeitos de um problema mais amplo: o despovoamento do interior com o correspondente inchaço das metrópoles =/= Promotores do movimento separatista continuam dando asas à imaginação para justificar sua tese – para a maioria, delirantes =/= Governo Dilma com três contenciosos: religiosos, militares e ruralistas. O primeiro, amenizado com a escolha de um ministro evangélico, o senador Crivella; o último, pendente de negociação; restando o atrito com antigos legionários =/= Rejeitada indicação de um diretor de agência reguladora (Bernardo Figueiredo, na ANTT) o governo busca reforçar o dialogo político.

Rafael de Lala
Presidente da API – Associação Paranaense de Imprensa
e pela Coordenação da Frente Suprapartidária do Paraná pela Democracia 
e Grupo Integrado de Ações Federativas do Paraná


E-mail: api1934@gmail.com – Twitter: @Apimprensa 
Contato: (41) 3026-0660 / 3408-4531/ 9167-9233 - Rua Nicarágua, 1079 – Bacacheri – Curitiba/PR

Nenhum comentário:

Postar um comentário